Gestões inovadoras ou rígidas, quais deram certo?
A história empresarial é um rico campo de estudo sobre gestão, repleta de exemplos de sucesso e fracasso que oferecem lições valiosas. Um caso notável é o da Nokia. Na virada do milênio, a empresa dominava o mercado de celulares, mas subestimou a ascensão dos smartphones e a importância dos sistemas operacionais abertos. Sua gestão focou em hardware e em seu próprio sistema Symbian, ignorando as tendências ditadas pelo iOS da Apple e, posteriormente, pelo Android do Google. A lição aqui é clara: a adaptabilidade e a visão de futuro são cruciais. Empresas, por maiores que sejam, precisam estar constantemente atentas às mudanças do mercado e dispostas a pivotar suas estratégias antes que seja tarde. Entre as empresas que se destacam por sua gestão eficaz, a Toyota é um caso clássico com seu Sistema Toyota de Produção (STP), que revolucionou a manufatura global. O foco em eficiência, qualidade e melhoria contínua (Kaizen) permitiu à Toyota se tornar uma das maiores montadoras do mundo.
Outro exemplo marcante vem da gestão de pessoas. A Netflix é amplamente reconhecida por sua cultura organizacional única, que preza pela liberdade e responsabilidade. Ao invés de regras rígidas, a empresa confia em seus colaboradores, oferecendo autonomia e transparência, mas esperando em troca alto desempenho e resultados. Essa abordagem contrasta com modelos mais tradicionais, onde o controle excessivo pode inibir a inovação e o engajamento. A experiência da Netflix demonstra que uma gestão baseada na confiança e na meritocracia pode impulsionar a criatividade e a produtividade, transformando os funcionários em verdadeiros parceiros do negócio.
Finalmente, a Amazon e a obsessão de Jeff Bezos pelo foco no cliente oferecem uma lição fundamental. Desde o início, a empresa se dedicou a entender e satisfazer as necessidades de seus consumidores, mesmo que isso significasse investir em tecnologias e serviços que levariam anos para dar retorno. Essa visão de longo prazo e a constante busca pela melhoria da experiência do cliente, muitas vezes à frente da concorrência, permitiram que a Amazon se tornasse um gigante em diversos setores. A principal takeaway é que a centralidade no cliente não é apenas um slogan, mas uma filosofia que deve permear todas as decisões de gestão, desde o desenvolvimento de produtos até o atendimento pós-venda.
No cenário brasileiro, a Ambev se destaca pela sua gestão agressiva e focada em resultados, com um modelo de meritocracia e busca incessante por eficiência que a levou a se tornar uma das maiores cervejarias do mundo. Sua capacidade de integrar aquisições e expandir mercados é um testemunho de uma gestão estratégica bem executada. Por outro lado, o caso da Varig serve como um alerta sobre os perigos de uma gestão inadequada e da falta de adaptação a um ambiente em constante mudança. Outrora uma gigante da aviação brasileira, a Varig não conseguiu se modernizar, sofreu com dívidas crescentes e uma gestão que não se adequou às novas realidades do mercado, culminando em sua falência.
As lições aprendidas desses exemplos são diversas. Empresas de sucesso como Toyota e Netflix ressaltam a importância da inovação contínua, da centralidade no cliente e de uma cultura que empodere seus colaboradores. A Ambev demonstra o poder de uma gestão focada em metas e na meritocracia. Já os casos de empresas que faliram, como a Nokia e Varig, sublinham a necessidade crítica de adaptabilidade, da gestão de riscos e da capacidade de se reinventar diante das mudanças do mercado. A rigidez, a falta de visão estratégica e a incapacidade de lidar com desafios financeiros e operacionais são fatores que frequentemente levam ao colapso, independentemente do porte ou da história da empresa.